Música de cabeceira:

Sim, existem músicas perfeitas. Esta é uma delas. Ouvi pela primeira vez dez anos atrás, na minha primeira ida a Ilha Grande. Era uma viagem em turma, presente da agência em eu que trabalhava, para comemorar seus cinco anos de existência – saudade das loucuras saudáveis da extinta Sofia. No coração, uma dor de amor, aguda e insistente. No som, uma seleção musical da minha prima Mônica, para deixar muito DJ a ver navios. E eu não queria mar, nem sol, nem praia. Só fazia chorar e, entre um soluço e outro, me entregava a palhaçadas frenéticas que faziam metade da turma chorar também - mas de rir. Sempre que tocava essa música eu dançava. Mesmo triste, o corpo não resistia ao balanço, porque é impossível ficar inerte a essa voz, nesse ritmo, nesse arranjo. O tempo passou, a dor também, vieram outros amores, outras dores e, claro, outras músicas. Essa ficou. E sempre que ela toca, não é tristeza que eu sinto. Não é mesmo.